A Mousse

Leandro Machado
27 de dez. de 2023
3 min de leitura

Atualizado: 20 de jan. de 2024

Ela é leve como uma espuma, aerada como uma esponja. Pode ser doce ou salgada. Pode ser servida como entrada, prato principal ou sobremesa. Não importa onde e como, todas as vezes que ela aparece arranca suspiros. Quem é a protagonista de hoje? A mousse!

Vale dizer que MOUSSE é uma palavra francesa que significa espuma. Logo, é um substantivo feminino. Portanto, nunca diga “o mousse de chocolate, o mousse de limão”, mas, sempre, A MOUSSE.

Tudo indica que a palavra mousse nasceu há dois mil anos no antigo império romano. Registros mostram que no reinado de Tibério César, os romanos preparavam um aperitivo a base de vinho e mel. Essa bebida recebeu o nome de MUSLUM. Há referências de que o MUSLUM também podia ser feito misturando-se leite, mel e frutas.

A evidência mostra que, em 1894, os franceses já consumiam uma versão salgada da mousse, preparada com legumes e peixes. Mas a mousse, assim como amamos, surgiu bem no finalzinho do século 19, graças à genialidade do pintor pós-impressionista e vanguardista Henri de Toulouse Lautrec. Tudo indica que devemos a ele a mousse de chocolate. Embora Lautrec tenha falecido precocemente aos 36 anos, esse homem barbudo e de baixa estatura deixou um legado incrível, não só na arte, mas também na gastronomia.

No século 19, era comum entre os franceses prepararem receitas onde misturava-se outros ingredientes à chamada “espuma” (espuma essa feita de claras de ovos ou nata de leite), para dar sabor e leveza, tanto em receitas doces quanto salgadas. No entanto, Lautrec teve a brilhante ideia de misturar a essa espuma chocolate amargo. Na época, ele chamou essa receita de “maionese de chocolate”. Logo abaixo, compartilho com vocês a receita original de Lautrec*. Bendita ideia! Com o tempo, a receita original da “maionese de chocolate” de Lautrec sofreu alterações chegando a mousse que hoje conhecemos e somos apaixonados.

Mas nessa história quem recebe destaque é a mousse de maracujá, que parece ter sido criada no Brasil no começo da década de 1960.

A história conta que em 1960 a filial brasileira da Nestlé enfrentava uma queda nas vendas do Leite Moça, sua marca de leite condensado. Então 1961, a Nestlé começou a organizar cursos de culinária e fez parcerias com escolas de culinária para promover o Leite Moça. Pareceu que a ideia foi boa. Em 3 anos, o Leite Moça que era usado em menos de 10% das receitas dos brasileiros passou a ocupar lugar em mais de 70% das receitas nas escolas de culinária, nos livros e cadernos de receitas das donas de casa.

Logicamente, isso mudou parte da culinária brasileira, especialmente as sobremesas: receitas que antes eram muito parecidas às europeias foram adaptadas e modificadas para o uso do leite condensado. No caso da mousse, ela ficou menos aerada e mais espessa, muita parecida com um creme. Os registros mostram que 1962 surgem as primeiras receitas da mousse de maracujá feitas com leite condensado.

E seguindo a tradição, vou compartilhar com vocês uma receita fácil e muito elegante de mousse de maracujá:

*Receita da "maionese de chocolate" de Lautrec:

4 barras de chocolate

4 colheres de açúcar

½ kg de manteiga

4 ovos

Em uma panela, coloque quatro barras de chocolate com pouquíssima água e deixe derreter em fogo baixo. Adicione quatro colheres grandes de açúcar, meio quilo de manteiga boa, quatro gemas de ovos e misture cuidadosamente.

Deixe esfriar e você terá uma pasta lisa. Bata as claras em neve e misture, mexendo, até obter a "maionese de chocolate".